Sou pai, e agora?
“Jamais seu pai o contrariou,
dizendo: Por que procedes assim?...” 1 Reis 1:6
25
de agosto de 2007. O dia que mudou a mina história. Na verdade, ela
começou a ser modificada 9 meses antes. Estávamos de férias em Itabuna, sul da
Bahia, quando minha esposa passou por exames. Queixando-se de dores foi
aconselhada pelo médico a fazer alguns exames, dentre eles o teste de gravidez,
segundo ele apenas para desencargo de consciência.
A
espera pelo resultado levaria algumas horas, e pra mim, elas nunca foram tão
angustiantes. O momento então havia chegado. Em minhas mãos um envelope que
poderia me trazer alegria ou decepção. Tomando cuidado para não rasgar o exame,
retirei o lacre que envolvia o envelope e ali pude ver o resultado: Positivo.
Eu seria pai.
Mesmo
tendo alimentado há alguns anos esse sonho. Mesmo já tendo lido uma série de
livros sobre esse assunto, agora, já não me sentia tão preparado. Uma mistura
de alegria e apreensão tomaram conta do meu coração e uma pergunta logo surgiu
na mente: “E agora?”
É
impressionante como passa de aliado a inimigo nessas horas. Pensei na época:
“Ainda temos 9 meses pela frente, aproveitarei para ler muitas coisas sobre o
assunto.” Só então percebi que 9 meses, quando o assunto é gravidez, são como 9
dias. O dia do nascimento se aproximava, e vi que os 9 meses haviam acabado.
Nesse período eu não havia lido quase nada sobre como educar filhos e pensei:
“Ele ainda será muito pequeno, acho que só deverei começar a exercer influência
sobre ele após os 2 anos.” Que engano terrível! Foi no dia a dia como pai que
descobri que uma das primeiras palavras que deveria ensinar ao meu filho seria:
“NÃO”.
A
vida tem que estar cercada por limites. São os limites de uma pista que mostram
ao motorista por onde ele deve guiar o seu carro. Os limites de um campo
mostram aos jogadores onde o jogo é valido. Os limites de um trilho conduzem o
trem. O limite do seu cheque especial serve pra dizer: aprenda administrar
melhor suas finanças. Crianças também precisavam de limites, e esses limites
devem ser impostos ainda na mais tenra idade.
Davi
não havia imposto limites a seus filhos. Crianças sem limites, que ganham tudo
o que pedem, tornam-se adultos mimados que acham que tudo lhes pertencem. Assim
foi com Adonias, filho de Davi. O texto de hoje nos diz que Davi nunca o
contrariou. Adonias nunca havia ouvido um “Não” de seu pai. Davi sempre havia
passado as mãos por sua cabeça. Mesmo quando ele errava, a culpa nunca lhe caia
nos ombros. Tudo o que queria, ele conseguia. Ou melhor, quase tudo.
Ao
perceber que seu pai aproximava-se da morte, Adonias tentou tomar o trono
daquele a quem Davi já havia prometido: Salomão. Se em sua infância Davi
tivesse-lhe ensinado o significado da palavra ”Não”, Adonias saberia respeitar
as escolhas e autoridade de seu pai.
Hoje
sei que todas as vezes que digo não a Gabriel, meu filho, estou moldando-lhe o caráter e preparando-o melhor para um mundo onde o “não”
faz parte do cotidiano de nossas vidas.
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